Pela Empregabilidade das pessoas com deficiência

Empresas da Rede Empresarial de Inclusão Social ganham destaque pela inclusão da pessoa com deficiência no Guia de Diversidade.

Por Giullia Bertti

Legenda e #descriçãodaimagem print da tela do debate virtual do Guia Exame de Diversidade 2020, realizado nesta quarta-feira, dia 10, com destaque para a participação de Andréia Dutra, CEO da Sodexo e uma das poucas mulheres do Brasil nesta posição. Ela é também conselheira do Conselho de CEOs da REIS pela inclusão de pessoas com deficiência.

O Guia de Diversidade da Exame, realizado em parceria com o Instituto Ethos estuda e analisa as empresas que aderem a inclusão social de pessoas com deficiência, étnico-racial, mulheres e LGBTI+. 

Das 96 empresas inscritas, 52 foram destacadas como as empresas mais inclusivas, e destas, 19 são ligadas à REIS, sendo nove do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social: Accenture, Carrefour, JLL, Microsoft, Natura, Serasa, Sodexo, TozinniFreire e Vivo; outras três são signatárias do Pacto pela Inclusão: Dow, ViaVarejo e Trench Rossi Watanabi. Outras 7 são empresas membro da REIS: Cargill, Cummis Brasil, Schneider Eletric, Dupont, Shell, Santander e HP.

“A presença da maioria das empresas do grupo diretor da REIS no destaque ou ranking do Guia Exame de Diversidade 2020 é mais uma evidência de que, ao tornar um ambiente inclusivo para as pessoas com deficiência, a inclusão passa a ser incorporada na cultura organizacional, e reflete-se em um ambiente melhor para todas as pessoas”, avalia a secretária executiva da REIS, Ivone Santana, que foi entrevistada pelo Guia Exame.

Um bom exemplo vem da rede Carrefour, que se destacou nesse ano como a melhor do setor varejista. Em plena pandemia, a rede manteve 5.000 vagas de emprego no Brasil inteiro, mantendo os princípios de equidade de oportunidades nos processos de contratação. A Vivo também foi destaque, especialmente no incentivo do protagonismo dos profissionais negros.

Já a Sodexo com quase 2.000 pessoas com deficiência, vê a oportunidade de ampliar a participação desses profissionais e chegou a estipular metas para que isso ocorresse. “Mais do que um número que pode ser muito bonito, é importante incluir, de fato, as pessoas’, diz Lilian Rauld gerente de diversidade e inclusão da Sodexo. Além das contratações a organização busca treinar e capacitar seus gerentes para a maior integração de pessoas com deficiência. 

A maior dificuldade para a inclusão das pessoas com deficiência não se dá pela deficiência em si, mas pelo ambiente de trabalho que não é adaptado para todos. Neste cenário, destaca-se a Natura que investe há muitos anos na promoção da cultura inclusiva e acessibilidade, estendendo a postura também para os negócios, como o Braille nas embalagens de produtos. Atualmente tem quatro fábricas e um centro de distribuição com tecnologias assistivas, que facilitam a adaptação dos profissionais com deficiência.

Evolução da Inclusão 

A revista Exame, em parceria com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, verificou 96 empresas de diversos setores que fizeram as inscrições para estudo do Guia de Diversidade 2020, sendo elas 81% de grande porte, 15% de médio porte e 4% de pequeno porte ou microempresa. 91% das participantes disseram que promovem a diversidade e a inclusão como um meio sustentável para obter resultados positivos nos negócios, melhoria no clima organizacional, na atração e retenção de talentos, na produtividade e na pesquisa de desenvolvimentos de produtos e serviços. 

Em comparação com o ano passado, o Guia de Diversidade destacou 36 empresas que foram consideradas as mais diversas. Neste ano, o aumento foi de 44% de participação, subindo de 36 para 52 companhias que tiveram o quadro mais diversos, evidenciando o crescimento das políticas de diversidade. 

Apesar do momento em que o Brasil está lidando com os efeitos da pandemia do covid-19, não é possível ainda avaliar o impacto na diversidade das empresas. Dirigentes das empresas têm mostrado preocupação com os grupos diversos, e adotam medidas para minimizar a segurança, bem-estar e conforto dos colaboradores.

A medida de home office, por exemplo, foi adotada em 50% a 100% por diversas empresas, o que pode ser desafiador em vários sentidos: as pessoas mais velhas costumam ter mais dificuldade com o uso da tecnologia, e as mulheres ainda vivem a desigualdade de gênero na distribuição das tarefas domésticas, as pessoas com deficiência nem sempre contam com recursos de acessibilidade para sua estação de trabalho em casa, ou mesmo para participar de reuniões e atividades on-line. Por outro lado, o trabalho home office evita o enfrentamento das barreiras impostas pelo trajeto até o ambiente de trabalho. 

“Só o fato de não precisar de transporte já quebra os argumentos para não contratar essas pessoas”, diz Ivone Santana, presidente do Instituto Modo Parités, que atua com a inclusão social no mercado de trabalho, e secretária executiva da Rede Empresarial de Inclusão Social. “Nem todos, no entanto, tem um espaço adequado para trabalhar em casa. Esse é um novo olhar que as empresas vão precisar desenvolver para apoiar os funcionários.” A ideia reflete uma preocupação que deve ser constante em relação a pessoas com deficiência no mercado de trabalho: não basta recrutar para cumprir a cota exigida por lei; é preciso criar políticas de retenção desses colaboradores e, principalmente, olhar com outros olhos para o desenvolvimento desses profissionais. 

Assista à live de hoje (10/06) pelo link:

 https://www.youtube.com/watch?v=46jedRwuYlA

Veja o ranking das empresas e leia a matéria completa no link: https://exame.com/revista-exame/por-que-a-diversidade-faz-a-diferenca/