Pela Empregabilidade das pessoas com deficiência

32º Encontro da REIS trouxe o tema “Interseccionalidade a autonomia da mulher com deficiência”

No dia 29 de março, mês da Mulher, aconteceu o 32º Encontro da Rede Empresarial pela Inclusão Social (REIS) sediado pela IBM.

O encontro teve como tema “Interseccionalidade a autonomia da mulher com deficiência”.

A abertura ficou por conta de Letizia Patriarca, doutoranda em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (PPGASUSP). A pesquisadora, que também é integrante do Núcleo de Estudos dos Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS) e da Comissão Permanente de Ações Afirmativas (CPAA) do PPGAS-USP, apresentou o conceito de “marcadores sociais” para dar início às discussões de interseccionalidade.

Descrição da Imagem: cinco mulheres sentadas no palco sob um painel com suas fotos. As participantes são Eliane Pelegrini, Clea Galdino, Marinalva Cruz, Thaluana Nova e Selma Rodeguero.

De acordo com Letizia, para entender o conceito de “marcadores sociais”, é preciso retomar a 3 ondas importantes da luta feminista: (1) Luta pelo voto feminino no Século XIX; (2) Obra “O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir que trouxe a ideia de que “não se nasce mulher, torna-se mulher”; (3) Feminismos plurais – contexto atual que não trata apenas de um direito específico, mas sim de aspectos diferentes que marcam cada mulher.

Explicou que a interseccionalidade surge a partir de mulheres negras que defendem a coordenação das pautas de gênero e raciais, refletindo sobre a sobreposição de preconceitos, e no desafio de pensar em como os eixos de discriminação se conectam. Uma vez que pessoas acumulam diferentes marcadores, pensar neles separadamente não contribui para a empatia – sustentando, assim, a ideia de que a luta pela igualdade social deve ser conjunta.

Em seu segundo bloco, o evento propôs um painel formado por mulheres com deficiência, moderado por Eliane Ranieri (integrante do Grupo Diretor da REIS): Thaluana Nova (Atendimento ao Cliente para pessoa com deficiência no INCLUI CIEE); Selma Rodeguero (Sócia Fundadora da Thea eventos e youtuber do canal Rodando com Pi); Cleia Galdino (Auxiliar da área de Decision Analytics e líder do Grupo de Afinidades das Pessoas com Deficiência na Serasa Experian); e Marinalva Cruz (Secretária Adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência).

Destaques do painel 

Thaluana: a profissional da CIEE que é deficiente auditiva deu luz à invisibilidade ao seu tipo de deficiência, e ao fato de que a falta de conhecimento das pessoas ainda é um grande problema. Apesar dos desafios, com sua força interior, não desiste de se comunicar com as pessoas de diferentes formas. Acredita que sua maior contribuição é, justamente, passar conhecimento para as pessoas e atuar como agente de transformação.

Selma: a youtuber do canal Rodando com Pi que é cadeirante e lésbica, relatou sobre como é conviver frequentemente com dois preconceitos relacionados à deficiência e à orientação sexual, explicando que, em sua opinião, diferentemente da luta LGBT+, a questão da deficiência não está relacionada diretamente ao orgulho. Atualmente, concentra seus esforços no combate à discriminação e no desenvolvimento de autoestima de pessoas com deficiência através de seu canal.

Cleia: a profissional da Serasa Experian que é deficiente visual e negra, destacou a importância de impactar positivamente as pessoas, exemplificando que, mesmo com o fato de ser cega, passou a se dedicar a um novo hobby: a corrida. Clea falou ainda sobre a importância do protagonismo da pessoa com deficiência para garantir e reivindicar as condições necessárias para o seu desenvolvimento no ambiente de trabalho.

Marinalva: secretária adjunta da SMPED e deficiente física, falou sobre o impacto de seus marcadores sociais que incluem o fato de ser mulher e pernambucana. Reconheceu a importância da base familiar e do protagonismo: “Não dá para falar sobre empoderamento sem protagonismo”. Compartilhou, ainda, uma novidade da Prefeitura de São Paulo: o Programa de Estágio para Estudantes com Deficiência. O objetivo do programa é incentivar empresas privadas a criar programas de estágios para jovens com deficiência, transformando a vida dos jovens que estão tendo essa oportunidade.

Para comemorar o Encontro que estimulou a compreensão do impacto de marcadores sociais e interseccionalidade no indivíduo através da participação de mulheres com deficiência com representatividade racial e LGBT+, os participantes foram presenteados com uma apresentação de Paloma Fonseca, dançarina profissional que tem Síndrome de Down.